Roentgênio
Roentgênio
25 de setembro de 2025, às 12h21 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos
Roentgênio: o metal superpesado que homenageia o descobridor dos raios-X

O roentgênio, que já foi denominado Unununium, é um elemento químico com símbolo Rg, massa atômica 282g/mol e número atômico 111. É um dos elementos chamados de superpesados e foi sintetizado pela primeira vez em 1994 . Como pertence ao Grupo 11, o mesmo do cobre, prata e ouro, ele é classificado como um metal de transição.
O roentgênio é um elemento produzido artificialmente e um metal altamente radioativo. Sua densidade, energia de ionização, eletroafinidade, eletronegatividade e os pontos de fusão e ebulição são desconhecidos devido à sua instabilidade e à dificuldade de produção em quantidades significativas. Como é um metal de transição pesado, acredita-se que teria um alto valor do ponto de fusão e de densidade. Estima-se que seja sólido à temperatura ambiente. Se desintegra rapidamente em outros elementos, o que torna difícil sua detecção, determinação do estado físico e de outras propriedades sob condições normais.
Em relação aos estados de oxidação, estima-se que ele apresente valores +1, +3 e até +5, embora a maioria dos experimentos tenha sido limitada ao estado de oxidação +1. Ou seja, isso indica que ele pode formar compostos como óxidos, haletos e complexos com ligantes orgânicos, mas a rápida desintegração dos seus átomos limita a observação de tais compostos.
Alguns isótopos de roentgênio são conhecidos. Os isótopos mais estáveis são 281Rg, com meia-vida de 26 segundos, e o 286Rg, com meia-vida de 10,7 minutos. O isótopo com meia-vida mais curta é o 272Rg, que decai por partícula alfa e tem meia-vida de 1,5 milissegundos. Outro isótopo conhecido, 279Rg, decai também por partícula alfa e tem meia-vida de 170 milissegundos.
Como poucos átomos de roentgênio foram produzidos até o momento, atualmente não há usos para o elemento fora da pesquisa científica.
História

Em 1986, cientistas no Instituto Central de Pesquisas Nucleares em Dubna, na Rússia, bombardearam bismuto com níquel, com o objetivo de produzir o elemento 111, mas não conseguiram detectar os átomos do elemento.
O roentgênio só foi obtido oito anos depois, em dezembro de 1994, por Peter Armbruster, Gottfried Münzenberg e seu grupo, no Laboratório de Íons Pesados de Darmstadt, na Alemanha. Eles bombardearam átomos de bismuto-209 com íons de níquel-64 em um acelerador linear. A ideia era fazer com que os íons de níquel penetrassem no núcleo do bismuto, e desta forma, fundir os dois núcleos e formar um átomo maior.
A energia da colisão precisava ser cuidadosamente controlada: se os íons de níquel não fossem rápidos o suficiente, não superariam a repulsão elétrica entre os núcleos e apenas passariam pelo bismuto. Por outro lado, se possuíssem energia excessiva, o núcleo composto resultante poderia sofrer fissão imediata e se desintegrar.
É difícil provocar colisões com sucesso, já que a maior parte do átomo é um espaço vazio, mas naquela ocasião os cientistas de Darmstadt conseguiram observar três colisões, formando átomos de número atômico 111 e número de massa 272. Eles tinham duração de tempo de meia-vida muito curtos, em torno de 1,5 milissegundos. Os novos átomos foram identificados quando analisou-se o seu decaimento em partículas alfa. Em experimentos posteriores, no ano 2000, o grupo de Darmstadt fez novos bombardeamentos e observou mais três átomos do elemento 111.
A descoberta do novo elemento foi anunciada em um estudo publicado no começo de 1995. O elemento ganhou o nome temporário de Unununiun, derivado de seu número atômico, e o símbolo Uuu. O nome roentgênio não foi dado ao elemento 111, pois dependia da confirmação de sua existência, e isso só ocorreu em 2003, quando um grupo de cientistas do Acelerador Linear RIKEN, no Japão, obteve 14 átomos deste isótopo.
O grupo de Darmstadt, então, teve o privilégio de propor um nome, e optou por roentgênio, em reconhecimento ao alemão Wilhelm Conrad Rontgen, que descobriu os raios-X em 1885. Rontgen ganhou o Prêmio Nobel de Física de 1901 por sua descoberta.
Vídeo da Universidade de Nottingham mostra o acelerador linear onde o roentgênio foi sintetizado pela primeira vez na Alemanha e explica como são os processos que levam à descoberta de um novo elemento. Assista:
Referências
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Texto produzido pela jornalista Mari Menda, da Gerência de Relações Institucionais do CRQ-SP,
e revisado pela Profa. Márcia Guekezian, Coordenadora do curso de Engenharia Química
da Faculdade de São Bernardo do Campo – FASB