Relação entre a Química e a clonagem foi debatida em live
Relação entre a Química e a clonagem foi debatida em live
Químicos da USP apresentaram suas pesquisas na área26 de abril de 2024, às 18h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
“Técnicas de clonagem” foram o tema da live realizada pelo CRQ-IV/SP na tarde desta sexta-feira, 26, pelo YouTube. Esteve em pauta o processo de clonagem, suas principais aplicações e qual o papel do profissional da Química nessa área.
O Químico Andre Justino apresentou um panorama geral sobre o assunto. Ele é especialista em síntese orgânica, biologia molecular e bioquímica, e atua no departamento de Química da Universidade de São Paulo (USP). “Qualquer ser que tenha material genético idêntico a outro é um clone”, disse.
Ele explica que o clone de uma molécula de DNA pode ser feito por meio da PCR (Polymerase Chain Reaction), mesma técnica aplicada durante a pandemia da Covid-19 como uma via para identificar a doença. Os desenvolvedores da reação PCR, Kary Mullis e Michael Smith, foram premiados com o Nobel de Química em 1993.
Os clones também são gerados pela reprodução assexuada de alguns organismos, como fungos e bactérias. Por meio da chamada bipartição, as bactérias duplicam o seu material genético e em seguida ocorre a divisão celular, resultando em bactérias com material genético idêntico. Segundo ele, os gêmeos univitelinos também podem ser considerados clones, já que possuem mesmo material genético.
Um dos marcos na área da clonagem foi o nascimento, em 1978, do primeiro bebê gerado pela fertilização in vitro, batizado de bebê de proveta. Outro avanço significativo ocorreu em 1984, com a clonagem do embrião de uma ovelha. Em 1996, após 276 tentativas, surgiu a ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado a partir de uma célula já adulta. Desde então, uma série de outros animais de grande porte foram clonados e, com o avanço das técnicas, números menores de tentativas foram necessárias.
Além da clonagem reprodutiva, existe a clonagem terapêutica, técnica realizada com o uso de células-tronco, que possuem capacidade de se transformar em diferentes tipos de células do corpo humano, podendo ser utilizadas na regeneração e reparação de órgãos e tecidos.
Existe ainda a clonagem gênica, ou seja, de DNA. Segundo Justino, essa modalidade possui diversas aplicações em produtos desenvolvidos pelo setor industrial, que podem ser melhorados com o auxílio dessa técnica. Em 1980, o Químico Paul Berg ganhou o Prêmio Nobel por desenvolver métodos para mapear as estruturas e funções do DNA, mostrando mais uma vez a ligação entre a Química e a biologia molecular.
Por fim, Justino lembrou que a clonagem não deve ser vista como o objetivo final, exceto quando se fala da clonagem reprodutiva. Ela é um processo inicial, uma espécie de ferramenta para alcançar um produto biotecnológico. Ele apresentou ainda alguns usos práticos envolvendo técnicas de clonagem, como a produção da insulina.
Pesquisas realizadas por Químicos – Rafael Bavaresco Pozzato Jeronymo apresentou um trabalho de sua autoria intitulado “Clonagem da enzima Glutamato Desidrogenase (GDH) de Leishmania Major”. Ele é bacharel em Química pela USP e atualmente está cursando mestrado. Segundo Jeronymo, o tratamento para a leishmaniose envolve medicamentos com alta toxicidade, alto custo, por tempo prolongado e que incorre em resistência. Por isso, seus estudos se debruçam sobre uma enzima chamada Glutamato Desidrogenase, contida no microrganismo, que se transforma em aminoácidos essenciais para a sua sobrevivência. A ideia é que seja desenvolvido algum medicamento capaz de inibir a atuação dessa enzima. O estudo envolve a clonagem do DNA da leishmania e introdução em uma bactéria chamada E. coli, seguida de uma série de etapas de análise. A utilização da técnica de clonagem, em substituição ao estudo do DNA feito na própria leishmania, faz com que os pesquisadores evitem o contato direto com o parasita, reduzindo o risco de contaminação, além de resultar em maior quantidade de material para análise, baixo custo e rapidez.
Em seguida, o Químico Jonatã Bortolucci, aluno de doutorado da USP, apresentou sua pesquisa de mestrado intitulada “Aprimorando a produtividade de 1,3-propanodiol em Clostridium beijerinckii por manipulação genética”, desenvolvida em colaboração com a Universidade da Alemanha. O estudo acompanhou o processo fermentativo de uma bactéria Clostridium Beijerinckii Br21 utilizando o glicerol como substrato. A pesquisa sugere uma alternativa ao glicerol produzido como subproduto na indústria do biodiesel e sem destinação exata. Por meio do processo fermentativo, esse glicerol resultaria no 1-3 propanodiol, que possui utilidade nas indústrias uma vez que é precursor de diversos polímeros.
Mais detalhes sobre essas pesquisas podem ser obtidos na live, que segue disponível no canal do Conselho no YouTube. Acesse aqui.