Peles tratadas já eram usadas na antiguidade por egípcios, chineses, gregos e romanos.
Peles tratadas já eram usadas na antiguidade por egípcios, chineses, gregos e romanos.
História – As peles de animais vêm sendo usadas há milênios pelo homem para proteger o corpo do frio e da chuva, construir moradias e produzir artefatos com tiras amarradas a pedras e paus. Ao longo do tempo, nossos antepassados foram descobrindo os elementos necessários para dar resistência, flexibilidade e durabilidade às peles, para que atendessem às necessidades humanas. É possível que a evolução dos processos de curtimento tenha seguido a seguinte ordem: ação da fumaça sobre as peles; uso de graxas e óleos de animais; exposição simultânea à fumaça e ao calor do fogo; uso de restos de vegetais e plantas sobre as peles, dando origem ao curtimento vegetal; descoberta de que o contato com o solo provocava alguns efeitos sobre as peles.
Há mais de 5 mil anos os antigos egípcios já curtiam os couros e com eles produziam objetos de arte e sandálias que eram usadas por nobres e faraós. Os chineses também aproveitavam as peles dos animais que caçavam e curtiam o couro com barro e sais de alúmen de crômio.
Ainda durante a Antiguidade, em Pérgamo, na Grécia, foram desenvolvidos os pergaminhos usados para escrita, feitos com peles de ovelha, cabra ou bezerro. O couro era usado também para confecção de elmos, escudos, e nas velas de navios.
Durante o Império Romano, peles e couros tinham grande valor, e eram negociados nos intercâmbios comerciais. Os romanos assimilaram as técnicas de curtimento dos povos conquistados, e foram aperfeiçoando os procedimentos.
Os mouros, quando invadiram a Península Ibérica a partir do norte da África, no século VIII, levaram as técnicas para curtir e decorar couros. Os espanhóis assimilaram os conhecimentos, e quando os mouros foram expulsos da Espanha, no século XV, continuaram a processar as peles dos animais abatidos. Quando os primeiros conquistadores chegaram à América, seus habitantes sabiam curtir as peles dos animais que caçavam e transformá-las em roupas, calçados, mantas e peças artísticas. Os métodos utilizados eram rudimentares; as peças eram secas ao sol e depois fixadas a uma árvore para remoção dos pêlos.
Em torno do ano de 1800 o químico inglês Humphry Davy, conhecido pela descoberta de vários elementos químicos e por sua contribuição à eletroquímica, deu um importante apoio para a indústria do couro ao pesquisar as fontes de taninos, e ajudou a incorporar novas espécies vegetais. Em 1809 foi criada a máquina capaz de seccionar os couros, uma operação que até então era feita manualmente. Outras contribuições importantes foram os estudos da composição das substâncias químicas e suas transformações, que ajudaram a incorporar novos elementos, como os sais de crômio, permitindo o aperfeiçoamento das técnicas de curtimento.
Referências
Hoinacki, Eugênio; Moreira, Marina V.; Kiefer, Carlos G. – Manual Básico do Processamento do Couro. Senai, Porto Alegre, 1994
Hoinacki, E – Peles e Couros: origens, defeitos, industrialização. Senai/RS, 2ª ed.,1989
Class, Isabel C. e Maia, Roberto A. – Manual Básico de Resíduos Industriais de Curtume. Senai, Porto Alegre, 1994
Processamento de Peles em Couro – Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
Texto produzido pela Assessoria de Comunicação e Marketing do CRQ-IV/SP, sob a supervisão do Dr. Antonio Carlos Massabni, professor titular aposentando do Instituto de Química da Unesp de Araraquara e Miguel Carlos França, Engenheiro Químico – Curtume Tropical/Boi Santo
Fotos e ilustrações:
Stock.xchng
Wikimedia Commons
Publicado em 09/08/2012