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Acesso em 29/06/2025 às 05h12.

Os reais perigos dos ataques às usinas nucleares do Irã

Os reais perigos dos ataques às usinas nucleares do Irã

Live tratou da geração de energia nuclear e o possível impacto dos ataques a unidades nucleares iranianas

26 de junho de 2025, às 16h11 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Em um cenário de guerra, em que usinas e unidades de beneficiamento de urânio do Irã foram recentemente bombardeadas, há muitas incertezas sobre questões como o enriquecimento do urânio, a segurança das usinas nucleares e a geopolítica global.

Para esclarecer o assunto, a Comissão Técnica de Energia promoveu nesta quinta-feira uma live no canal do CRQ-SP no YouTube com um especialista, o engenheiro químico Carlos Alberto Zeituni, que gerencia o Centro de Tecnologia das Radiações do IPEN/CNEN.

Zeituni abriu a palestra falando da importância da energia nuclear, e citou o fundador do Greenpeace, Patrick Moore, que afirmou que a energia nuclear é a mais segura de todas as tecnologias de eletricidade disponíveis.

Ele explicou como se obtém a energia nuclear a partir da fissão nuclear e as etapas do processo de geração de energia. “A energia da fissão é muito grande. Com a energia de 1 quilo de urânio geramos o mesmo que toneladas de carvão”, afirmou.

A seguir ele explicou o que é radiação ionizante, e o que aconteceria se houvesse vazamento radioativo, um grande risco para as pessoas. Acrescentou que se as reações forem bem controladas, a energia nuclear é bastante segura.

Falou sobre o processo de enriquecimento do urânio para obtenção do combustível para reatores e do enriquecimento do urânio para uso nas centrais nucleares, e mostrou as diferenças entre os combustíveis nucleares.

A seguir explicou as etapas do processo de enriquecimento e como funciona uma centrífuga que separa os átomos de urânio, explicando que o Irã atualmente tem 14 mil centrífugas, de acordo com as agências internacionais. Poucos países do mundo têm capacidade de produção de grandes quantidades de urânio enriquecido, acrescentou.

Citou a seguir o número de usinas nucleares no mundo: os Estados Unidos têm 98 usinas em operação; a Rússia tem 36 e está construindo 10; a China tem 58 e está construindo 28 centrais, e o Irã tem 1 usina, Bushehr, e duas centrais de enriquecimento de urânio, e projeta a construção de mais 4 usinas nucleares, hoje em fase de construção. O Brasil possui 4 reatores em atividade, e possui uma planta semi-industrial de enriquecimento de urânio em Resende, no Rio de Janeiro.

 

Na sequência, ele falou da situação específica do Irã em relação a seu programa nuclear e de enriquecimento de urânio. Citou os acordos internacionais promovidos pela Agência Internacional de Energia Atômica para limitação da produção de urânio destinado à produção de bombas e explicou como a AIEA opera, e suas atividades de fiscalização e de acompanhamento da produção de material e de enriquecimento de urânio no mundo.

A seguir ele abordou os recentes ataques de Israel e dos Estados Unidos a centrais nucleares iranianas e o temor internacional de que haja liberação de radiação, lembrando que a radiação não prevê fronteiras, e pode se espalhar. Informou que num ataque a plantas de enriquecimento de urânio o hexafluoreto utilizado no processo é tóxico, radioativo e explosivo, e não criaria uma nuvem radioativa, mas causaria muitas mortes nas regiões próximas à unidade de produção atingida.

Explicou ainda que se uma usina for atingida, não deve ocorrer explosão nuclear, mas poderia haver vazamento de material radioativo para o ar, o que é extremamente perigoso. Falou sobre os crimes de guerra na visão do direito internacional, e os protocolos de proteção à população civil, informando que o direito internacional proíbe o ataque a centrais nucleares, já que elas representam perigo à população civil em caso de vazamento radioativo.

No final Carlos Zeitune respondeu a várias perguntas dos participantes. A palestra está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=tuvpq6p3iLE.

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