Nobel de Química 2025 premia criadores das estruturas metalorgânicas (MOFs)
Nobel de Química 2025 premia criadores das estruturas metalorgânicas (MOFs)
8 de outubro de 2025, às 9h37 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
O Prêmio Nobel de Química de 2025 foi concedido aos cientistas Susumu Kitagawa, do Japão, Richard Robson, do Reino Unido, e Omar Yaghi, da Jordânia, pelo desenvolvimento das estruturas metalorgânicas (metal–organic frameworks, ou MOFs) — materiais cristalinos e porosos capazes de capturar, armazenar e filtrar gases e outras substâncias químicas.
Essas construções moleculares funcionam como verdadeiras “salas” em escala atômica, por onde gases podem circular livremente. Os MOFs podem ser aplicados em diferentes áreas, como captação de água do ar em regiões áridas, armazenamento de gases tóxicos, captura de dióxido de carbono e catálise de reações químicas.
De acordo com Heiner Linke, presidente do Comitê Nobel de Química, “as estruturas metalorgânicas têm um potencial enorme, oferecendo oportunidades antes inimagináveis para o desenvolvimento de materiais sob medida com novas funções”.
A descoberta teve início em 1989, quando o químico britânico Richard Robson, professor da Universidade de Melbourne, combinou íons de cobre com uma molécula orgânica de quatro braços, criando um cristal bem ordenado e repleto de cavidades — semelhante a um diamante poroso. O desafio, porém, era a instabilidade da estrutura, que se desintegrava facilmente.
Entre 1992 e 2003, o japonês Susumu Kitagawa, professor da Universidade de Kyoto, e o jordaniano Omar Yaghi, professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley, deram solidez à técnica ao realizar avanços fundamentais. Kitagawa demonstrou que os gases podiam fluir para dentro e para fora das estruturas e previu sua flexibilidade; Yaghi criou uma versão altamente estável das MOFs e mostrou que elas podiam ser projetadas de forma racional, ajustando suas propriedades conforme o objetivo desejado.
Desde então, os químicos já desenvolveram dezenas de milhares de tipos diferentes de MOFs, que hoje são estudadas para aplicações voltadas à sustentabilidade e proteção ambiental — como a separação de PFAS da água, a degradação de resíduos farmacêuticos, a captura de carbono e a extração de água da atmosfera.
Os três cientistas dividirão igualmente o prêmio de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões) concedido pela Academia Real das Ciências da Suécia.
O reconhecimento reforça a importância da pesquisa em materiais avançados, uma área estratégica da Química que combina inovação, sustentabilidade e impacto direto na solução de desafios globais.