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Acesso em 16/10/2024 às 00h17.

Fórum discutiu a inclusão de PcDs no ensino de Química

Fórum discutiu a inclusão de PcDs no ensino de Química

Organizado pela Comissão Técnica de Ensino Superior, evento contou com convidados que compartilharam suas experiências

7 de outubro de 2024, às 12h45 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

 

Na última sexta-feira, 4, o CRQ-IV/SP realizou o XI Fórum de Ensino Superior, que este ano teve como tema “A inclusão social de pessoas com deficiência (PcDs) no ensino de Química”. O evento destacou a necessidade de maior acolhimento para pessoas com deficiências visíveis e invisíveis (como autistas, pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), dislexia), que enfrentam dificuldades nas instituições de ensino.

Durante o debate, a neuropsicóloga Gabriela Neuber, Mestre em neurociência e Comportamento pela Universidade Federal do Pará, afirmou que barreiras físicas, sensoriais e atitudinais (modo de se comportar, agir ou reagir a uma situação) ainda são comuns. Gabriela foi diagnosticada na vida adulta com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e é idealizadora do perfil @espectrando_consciente (Instagram e YouTube).

Muitos dos desafios enfrentados pelos estudantes com deficiência ou neurodivergência não decorrem de falta de capacidade, mas do despreparo do sistema pedagógico, o que pode contribuir para a evasão escolar e adoecimento psíquico. A palestrante mencionou ainda algumas legislações que protegem os direitos das pessoas com deficiência, como a Lei Berenice Piana (Lei 12.764/2012), que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, e o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015). Essas leis garantem direitos fundamentais, como o acesso à educação com acompanhamento especializado, ensino profissionalizante e oportunidades de trabalho em condições de igualdade.

Parte da discussão esteve voltada para como adaptar o ensino de Química e a infraestrutura dos laboratórios para melhor atender as necessidades de PcDs, especialmente aqueles com doenças invisíveis. A especialista defendeu o uso de instruções mais claras e esquematizadas, sem ambiguidades, e utilizando múltiplas formas de comunicação (visual, falada e escrita). Essas adaptações garantem que alunos com diferentes estilos de aprendizagem possam processar informações complexas de maneira mais eficiente.

Além disso, foi ressaltada a necessidade de maior previsibilidade nas aulas, informando previamente o conteúdo que será abordado, além de oferecer mais tempo para a realização de tarefas. Trabalhos em grupo também demandam uma mediação mais cuidadosa por parte dos professores, especialmente no caso de estudantes autistas, que podem enfrentar desafios de comunicação e socialização.

Um dos convidados, Eduardo Bessa Azevedo, que sofreu um AVC em 2010 e vive com sequelas físicas, relatou sua experiência no ambiente acadêmico. Ele é Engenheiro Químico e Pesquisador do Instituto de Química de São Carlos (IQSC). Azevedo ressaltou que, embora as instituições de ensino tenham avançado no processo de inclusão, ainda existem lacunas a serem preenchidas. Ele elogiou a criação da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento da USP em 2022, pioneira em iniciativas de inclusão no meio universitário, e enalteceu outras iniciativas da universidade em prol da inclusão.

Fabiana Manarelli, diagnosticada com TDAH em 2019, também compartilhou sua trajetória. Após abandonar a vida acadêmica por dificuldades enfrentadas no mestrado, ela retomou os estudos após receber seu diagnóstico e atualmente é estudante do 7° período do curso de Bacharelado em Química da UFSCar. Em suas considerações, Fabiana apontou a necessidade de mais iniciativas e acolhimento por parte das universidades, uma vez alunos com deficiência e que precisam de adaptações muitas vezes não encontram esse suporte nas instituições de ensino.

A live foi mediada pela Química Maria da Paz do Nascimento,  membro da Comissão Técnica de Ensino Superior e mãe atípica, que também contribuiu compartilhando suas vivências e pontos de vista.

Essas e outras informações podem ser encontradas na live, cuja gravação segue disponível no canal do Conselho no YouTube.

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