Fórum discutiu problemas a apontou falta de especialistas
Fórum discutiu problemas a apontou falta de especialistas
Os prejuízos causados pelo tratamento inadequado de águas industriais e a escassez de mão de obra no setor foram destaques no evento promovido pelo CRQ-IV/SP24 de março de 2023, às 17h55 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos
O primeiro Fórum do Dia Mundial da Água promovido pelo Conselho Regional de Química de São Paulo – CRQ-IV/SP teve como tema “O papel do químico no tratamento de água industrial e de sistemas de arrefecimento central em ambientes públicos e privados”. O fórum ocorreu no dia 23 de março e foi transmitido pelo canal do Conselho no YouTube.
Dois palestrantes foram convidados: Catarina Sandor de Castro Costa Moraes, Engenheira Química e MBA em gestão de empresas, com 22 anos de experiência em tratamento de água industrial, e Charles Domingues, professor e presidente do Comitê Nacional de Tratamento de Águas da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), com 38 anos de experiência no setor.
Catarina Sandor de Castro Costa Moraes falou sobre o tratamento de águas industriais. Ela abriu a palestra explicando que em qualquer tipo de indústria e no setor comercial, como em shopping centers, a água é usada principalmente para a troca de calor. A água tem esta utilização porque possui ótima capacidade de resfriar ou aquecer outros fluidos.
Ela mostrou os equipamentos trocadores de calor e os sistemas utilizados para resfriamento. Falou sobre as substâncias dissolvidas na água e como se dá o acúmulo de sólidos dissolvidos na água da torre de resfriamento, o que gera incrustação e muitos prejuízos à indústria e aos equipamentos. “O químico é quem avalia o índice de crescimento de sólidos na torre de resfriamento para que nunca se alcance o limite de solubilidade”, afirmou.
A especialista também abordou os prejuízos decorrentes da corrosão eletroquímica em tubulações e bombas industriais. Falou da contaminação da água em contato com o ar, o que causa multiplicação de bactérias e criação de algas e de lama, o que também provoca corrosão nos trocadores de calor. “Por isso é importante fazer o tratamento de água industrial”, salientou.
Segundo ela, o químico deve trabalhar para evitar a formação de incrustações e o processo corrosivo e realizar o controle microbiológico para preservar os equipamentos. Catarina Moraes enfatizou que a função do responsável pelo tratamento da água é sempre garantir o produto final de cada fábrica e o bom funcionamento do ar-condicionado. Ela abordou em profundidade o papel do Químico nesta área e disse que há falta de mão de obra nessa área de atuação que, aliás, está em crescimento.
Charles Domingues também comentou o problema da escassez de profissionais na área de tratamento de água, e disse que o mercado necessita de profissionais especializados. Empresas de todo o Brasil sofrem com a escassez de profissionais qualificados nesta área, afirmou.
Sustentabilidade – O foco da palestra de Charles Domingues foi o tratamento de águas em uma visão sustentável em setores como refrigeração e ar-condicionado e porque acontecem os problemas. Ele iniciou abordando o tema ESG, sigla em inglês para definir a gestão das empresas baseada na responsabilidade ambiental, social e de governança. Domingues fez um histórico sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável desde a Conferência de Estocolmo de 1972 até os 17 objetivos lançados pela Organização das Nações Unidas (ONU), que incluem muitos temas ligados à água.
Falou sobre a crise hídrica de 2021 e das perdas brasileiras de 40% da água tratada, um percentual que considerou absurdo, de uma água potável que seria para consumo humano. Salientou que o Brasil registra elevado índice de perda de água não apenas por causa dos rios poluídos.
O representante da Abrava abordou os vários tipos de água, como águas de rios e lagos, salgada, doce, salobra, de geleiras, na atmosfera e subterrâneas, e a questão dos padrões mínimos da água para consumo humano que atendam ao padrão de potabilidade. Falou sobre os itens relevantes para tratamento da água destinada a resfriamento e refrigeração, observando que os tratamentos são diferentes para cada tipo de uso da água, e as características relevantes devem ser acompanhadas, como os índices de ferro, cálcio, magnésio, dureza total, a presença de sílica, cloretos, carga orgânica.
A água de reuso, disse Domingues, poder ser rica em cloretos e o excesso de impurezas causa danos aos equipamentos, como condensadores e evaporadores. Ele chamou a atenção para a importância da presença de um Profissional da Química com conhecimento nesta área para evitar problemas em relação à tecnologia dos processos de arrefecimento, como deposições, incrustações e resíduos microbiológicos.
Durante sua palestra, Charles Domingues mostrou diagramas de uma torre de resfriamento e os processos envolvidos em seu funcionamento. Também apresentou uma série de fotos e vídeos de equipamentos danificados e os impactos causados a partir de erros cometidos no tratamento da água utilizada para esse fim.
Também mereceram atenção do palestrante os produtos químicos utilizados para controlar as bactérias, como o cloro e o bromo. Ele advertiu que problemas de corrosão, de microbiologia e incrustação alteram a performance do equipamento vitais em indústrias, aeroportos, shoppings. O caminho para evitar os problemas é adotar um programa que precisa ser especializado para cada cliente e suas características únicas, alertou.
No fechamento se sua apresentação, Domingues chamou a atenção dos Profissionais da Química se atentarem para a importância deste setor, salientando que existem poucos cursos específicos para esta área. Ele informou que a Abrava está montando um curso para tratadores de água, algo que não existe em universidades.
Clique aqui para assistir à íntegra da apresentação.