Fórum sobre Hidrogênio Verde celebra o Dia Mundial da Energia
Fórum sobre Hidrogênio Verde celebra o Dia Mundial da Energia
Especialistas analisaram tecnologias e desafios para uso do H230 de maio de 2023, às 11h09 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
O CRQ-IV/SP promoveu nesta segunda-feira, 29, o primeiro fórum em comemoração ao Dia Mundial da Energia com o tema Hidrogênio Verde: Tecnologias e Desafios para a Produção Sustentável. Quatro especialistas mostraram os principais pontos sobre a questão na visão das universidades, da indústria e de institutos de ciência e tecnologia. O fórum teve como mediador João Paulo Lacerda, Bacharel em Química e pesquisador assistente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
O primeiro palestrante foi Claudio Modenesi, Bacharel em Química, que falou sobre o futuro do hidrogênio verde e suas implicações para a indústria química e para a sociedade. Ele abriu a palestra falando sobre as propriedades do hidrogênio, um gás incolor, inodoro e potencialmente explosivo, que por isso deve ser armazenado e manuseado em condições especiais.
Modenesi explicou que a combustão do hidrogênio origina uma chama invisível ao olho humano, e por isso é preciso usar detectores de gás e câmeras de visão térmica para evitar acidentes. Ele explicou como preencher a FISPQ e chamou atenção para o transporte do H2 em cilindros. Também mostrou o esquema de um tanque criogênico.
O Engenheiro Químico Yvan Jesus Asencios, do Laboratório de Catálise e Química Sustentável da Unifesp, apresentou uma visão mais teórica. Ele abordou os tipos de hidrogênio e sua identificação por cores. O hidrogênio extraído do carvão é o marrom, que é H2 e CO; o hidrogênio cinza é obtido a partir do gás natural; o azul ocorre mediante captura e armazenamento do CO2; e o turquesa é produzido a partir do gás natural, com pirólise do metano. Existem mais três cores: o H2 rosa, obtido por energia nuclear; o H2 amarelo, obtido a partir de duas fontes, uma renovável e outra não-renovável; e o H2 verde, produzido pela eletrólise das moléculas de água. E há o hidrogênio branco, uma classificação nova ainda em discussão.
Asencios disse que a produção por eletrólise da água é interessante e extremamente promissora para o Brasil porque usa fontes de energia renováveis. Ele mostrou outras formas sustentáveis de produzir hidrogênio, por divisão fotocatalítica da água e por divisão termoquímica da água.
O terceiro palestrante foi Rodrigo Pastl, Doutor em Engenharia de Manufatura pela Universidade Técnica de Berlim. Ele é do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, organização líder em pesquisa aplicada, com atuação no mundo inteiro, e que tem como objetivo acelerar a implantação de tecnologias para uso no dia a dia. Ele apresentou alguns projetos alemães para uso do hidrogênio no país e as tecnologias para incentivar e reduzir o custo de eletrolizadores, capazes de gerar H2 inclusive com água do mar. Outra tecnologia mencionada é capaz de transformar o esgoto em hidrogênio.
Pastl também falou sobre projetos de uso do H2, como em propulsão de navios, e o projeto de uso do H2 em forma de pasta, para abastecer veículos leves, como scooters. Segundo ele, o Instituto Fraunhofer promove cursos dentro das empresas que querem se beneficiar das novas tecnologias do H2. Ele mostrou ainda o app Fraunhofer Magazine, gratuito e com versão disponível em inglês, que apresenta novidades, inclusive sobre o hidrogênio, e informações relevantes sobre assuntos que interessam diretamente aos Químicos.
O último palestrante foi Ricardo José Ferracin, da NovaEngevix, que falou sobre a visão da indústria sobre o hidrogênio verde no Brasil. Segundo ele, o país está se preparando para investir neste novo vetor energético e possui condições de atingir um patamar de destaque no mercado internacional, sobretudo como exportador e produtor de energia limpa. Disse ainda que o Brasil ainda tem poucos projetos de envergadura na área do hidrogênio e por isso deve acelerar sua inclusão nesta área.
Ferracin também abordou a previsão da demanda por hidrogênio em diferentes cenários, como o mercado de crédito de carbono, que já existe em partes do mundo, mas ainda não está regulamentado no Brasil. Disse que o Chile já é reconhecido internacionalmente como grande protagonista no mercado de hidrogênio, e por isso o Brasil precisa trabalhar com mais celeridade nesta questão.
Ao final todos responderam perguntas dos participantes. Noventa pessoas acompanharam a transmissão ao vivo da live, que segue disponível no canal do CRQ-IV/SP no YouTube.