Estudo prevê detecção de polímeros em vítimas de abuso sexual
Estudo prevê detecção de polímeros em vítimas de abuso sexual
Uso de preservativo pode não ser mais garantia de que agressor será inocentado6 de junho de 2023, às 16h42 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil registra, em média, 822 mil casos de estupros por ano, o equivalente a dois por minuto. Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 8,5% dos casos são reportados para a polícia, aumentando as subnotificações, e somente 4,2% vão parar em estatísticas voltadas para a saúde, um desafio para autoridades e para sistemas de saúde em todo mundo ao identificar casos de violência e seus respectivos agressores.
Mas um estudo desenvolvido pela pesquisadora italiana Marta Da Pian pode mudar esse cenário. Com o tema Detecting polymer traces after sexual abuses (Detectando traços de polímeros após abusos sexuais), Da Pian participou de uma conferência com estudantes e professores, na quarta-feira (31), durante a 46ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (RASBQ), em Águas de Lindoia (SP).
Análises de DNA têm sido amplamente utilizadas na área forense a fim de contribuir para a identificação do autor de um crime, e a investigação em casos de abuso sexual se concentra, em geral, na localização e identificação de fluidos biológicos, seguida da análise de DNA. “Mas hoje os abusadores estão mais espertos, pois eles sabem que podem ser identificados. Para não deixar rastros, muitos usam a camisinha”, analisou Da Pian.
De acordo com o estudo desenvolvido pela professora, a identificação de certos compostos presentes em preservativos pode ser útil para reconstituir o evento ocorrido, principalmente em casos de agressões sexuais onde a análise de DNA não é capaz de identificar o agressor.
Da Pian apresentou um estudo com base na espectroscopia de infravermelho (IV) e ressonância magnética nuclear (RMN) para analisar e correlacionar os polímeros presentes em diversas marcas de camisinhas com resíduos orgânicos deixados nos órgãos reprodutores, tanto masculino quanto feminino, após o uso dos preservativos. Segundo ela, a identificação de resíduos de compostos de oriundos de preservativo em swabs vaginais (exames realizados com cotonetes) pode se tornar uma importante evidência a ser adicionada aos dados circunstanciais disponíveis e a outras evidências coletadas, especialmente nos casos em que faltam informações precisas sobre a dinâmica do evento.
A pesquisa teve como objetivo identificar os sinais característicos das moléculas presentes em diversas marcas de camisinha, através das técnicas de infravermelho e RMN, e criar uma espécie de “biblioteca” com essas informações. Posteriormente, por meio do swab realizado diretamente nos órgãos sexuais masculinos e femininos, analisaram os resíduos deixados pela camisinha após o ato sexual. Ao comparar os resultados da biblioteca com os dos swabs, os pesquisadores conseguiram identificar qual foi a marca da camisinha utilizada.
Com informações do Conselho Federal de Química