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Acesso em 30/10/2024 às 04h23.

Especialista fala sobre Food Defense e Food Fraud

Especialista fala sobre Food Defense e Food Fraud

Renata Cerqueira explicou o que são os protocolos para prevenir a contaminação intencional de alimentos

22 de julho de 2024, às 16h56 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

 

Live realizada nesta segunda-feira, 22, teve como tema os conceitos de Food Fraud e Food Defense, e foi conduzida por Renata Cerqueira, Técnica em Química, Mestre em Toxicologia de Alimentos e Doutoranda em Ciência dos Alimentos. Renata já atuou em empresas do setor alimentício, como a Hersheys, e atualmente trabalha na Cargill, além de ser membro da Comissão Técnica de Alimentos e Bebidas do Conselho. Mais de 500 pessoas participaram da live ao vivo.

A palestrante deu início ao encontro explicando o que significa os dois termos. Food Defense ou Defesa do Alimento está relacionada a contaminação intencional, advinda de atos de sabotagem ou terrorismo. Já a Food Fraud ou Fraude no Alimento tem a ver com a contaminação intencional com finalidade de obter vantagem econômica.

Segundo Renata, o conceito de Food Defense surgiu nos Estados Unidos após o atentado de 11 de setembro de 2001, e se consolidou com a chamada “Lei contra o Bioterrorismo”, aprovada pelo Congresso norte-americano em 2002. Essa foi uma das iniciativas do então presidente George W. Bush contra possíveis ações terroristas e uso de agentes biológicos. A partir de então, os EUA começaram a pressionar para que países que exportam produtos para a potência também adotassem medidas de segurança.

O principal requisito do processo de Food Defense é o controle de pessoas que têm acesso aos processos de fabricação e embalagem. Para garantir a segurança é preciso controlar as matérias-primas, supervisionar colaboradores e visitantes, e ser criterioso com a escolha de prestadores de serviço.

A palestrante explicou que a elaboração de um plano de Food Defense abrange desde a avaliação de vulnerabilidade dos processos,  a criação de estratégias de mitigação, a adoção de medidas corretivas, até ações de monitoramento, como registro de acesso, análise de amostras ao longo da produção, entre outros.

Recomendações sobre a Food Defense podem ser encontrados na Norma PAS 96:2017, um guia publicado pela Instituição Britânica de Padrões (BSI), em parceria com a Agência de Normas Alimentares e o Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido para proteger e defender os alimentos e bebidas do ataque intencional.

Assim como a Food Defense, a Food Fraud também se configura como crime. Segundo a especialista, estima-se que desde 169 a.C. já existia fraude em vinhos, que eram diluídos com água do mar. Por ser um produto líquido, a fraude é ainda mais fácil de ser executada.

Configuram tipos de fraude: diluição do produto, substituição de um ingrediente por outro de menor valor, rótulo com declarações falsas sobre o produto. Azeite de oliva, peixes, produtos orgânicos, leite, grãos, mel, cafés, vinhos e sucos de frutas estão entre os alimentos com mais histórico de fraude.

 

 

Renata Cerqueira citou diversos casos de fraudes, alguns com grande repercussão midiática como foi a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2017, que investigou grandes empresas acusadas de adulterar carne. Adicionar melanina ao leite em pó para aumentar o valor aparente de proteína, adicionar açúcar no mel, injetar líquidos na carne para aumentar o seu peso, são alguns tipos de fraudes que já foram descobertas no mercado de alimentos.

Quando uma irregularidade é encontrada, o lote do produto deve ser apreendido e os responsáveis podem responder criminalmente. O Responsável Técnico é convocado pelo Conselho Regional para prestar esclarecimentos e, se comprovada a sua responsabilidade, ele poderá ter o exercício profissional suspenso por até um ano, além de poder responder a processo civil e criminal.

A live segue disponível no canal do Conselho no YouTube. Clique aqui para assistir.

O tema “Food Defense e Food Fraud” também será aprofundado durante o curso on-line que o Conselho realizará no dia 5 de agosto. As inscrições já estão abertas.

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