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Acesso em 22/05/2025 às 04h58.

Corante azul se espalha por cursos d’água de Jundiaí

Corante azul se espalha por cursos d’água de Jundiaí

Químico explica como remediar contaminação e reduzir danos ambientais

16 de maio de 2025, às 15h26 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Peixes morreram no primeiro dia do vazamento. Foto: Redes Sociais GRAD

 

Um vazamento de corante azul mobiliza as autoridades ambientais do Estado de São Paulo, organizações de proteção animal e prefeituras desde terça-feira, dia 13.

Uma grande quantidade de corante azul, utilizado para a produção de caixas de ovos, vazou para o Córrego das Tulipas, em Jundiaí, tingiu de azul a água do lago do Parque Jardim Botânico das Tulipas e chegou ao Rio Jundiaí após um acidente com o caminhão que iria distribuir o produto.

Capivaras e aves silvestres, como patos e gansos, ficaram com a pelagem tingida de azul, e houve mortandade de peixes no lago.

O químico Daniel Ramos Oliveira Sutti, Mestre em Engenharia de Processos Químicos e Bioquímicos, professor de Biologia e integrante da comissão Técnica de Tintas e Adesivos do CRQ-SP, descreveu a melhor forma de se reduzir os impactos ambientais causados pelo derramamento do corante na região de Jundiaí.

 

Rapidez é essencial

Segundo Daniel, o corante que vazou é utilizado para um produto alimentício e, desta forma, depreende-se que sua toxicidade seja menor, já que ele vai ter contato direto com um alimento. “Em tese, esta toxicidade deve ser reduzida, já que a casca do ovo não é totalmente impermeável, e isto representa uma vantagem”, afirma.

Ele disse também que o corante é solúvel, e que a água contaminada fica imprópria para o consumo, por isso animais silvestres que habitam os locais atingidos não devem bebê-la, nem deve haver qualquer atividade recreativa de pessoas na água do parque, e nem captação de água, enquanto persistir a contaminação.

“Como o corante é solúvel, a melhor forma de remediação é a que foi adotada pela Cetesb, ou seja, diluir a água até que a concentração vá baixando, e o corante praticamente desapareça. Mas isso tem que ser feito rapidamente, porque enquanto a concentração estiver alta existe potencial de causar dano ambiental”, alerta. Segundo o químico, a Cetesb já está utilizando caminhões-pipa para jogar água no local do acidente para reduzir a concentração do corante. E, é claro, monitorar a qualidade da água ao longo do curso do rio.

Diluição

No caso da contaminação dos cursos d’água em Jundiaí, Daniel alertou que, conforme se faz a diluição, o potencial de dano ambiental vai sendo reduzido, mas esta diluição tem que ser feita com muita rapidez.

Segundo ele, na terça-feira, quando o acidente aconteceu, houve mortandade de peixes, e aquele dano ambiental não se reverte mais. “As informações que chegam do parque dão conta de danos em peixes, em aves e nas capivaras, mas também deve ter morrido todo tipo de anfíbio, como por exemplo, girinos, que viviam no lago. No caso dos girinos, sua respiração ocorre na água, como os peixes, deixando-os sujeitos aos mesmos riscos. E como diminuir os danos? Aumentando a diluição do contaminante o mais rápido possível! Quanto mais diluída, menor o dano para peixes e para a microbiota da água”, salientou.

Para o químico, existe também a possibilidade de que este corante tenha ácido acético em sua composição, e por isso seria menos tóxico. Mas quem tem aquário em casa sabe que várias espécies de peixes são muito suscetíveis à variações de pH. Por isso é importante a remissão rápida, para salvar os peixes que estão no curso do rio. Como há ácido acético na composição do corante, se não diluir muito rápido ele pode causar variação no pH da água, e pode atingir espécies que tenham tolerância baixa à essa variação, alerta.

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