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Disponível em <https://crqsp.org.br/como-se-forma-o-cheiro-de-chuva/>.
Acesso em 30/04/2024 às 22h17.

Como se forma o cheiro de chuva?

Como se forma o cheiro de chuva?

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Quando chove depois de uma temporada de tempo seco sentimos um cheiro fresco, poderoso e muito agradável de chuva recente. Todo mundo conhece esse cheiro, mas qual sua origem?

Na década de 1960, dois cientistas australianos, Isabel Joy Bear e Richard Thomas, tiveram a mesma dúvida e investigaram o assunto. Eles publicaram em 1964 na revista Nature um estudo científico sobre a origem do aroma de chuva e criaram o termo petricor para explicar o fenômeno ao combinar duas palavras gregas: petra, ou pedra, e ichor, o sangue dos deuses na mitologia grega.

Naquele estudo, e em pesquisas posteriores, Bear e Thomas determinaram que uma das causas principais para o aroma tão característico de chuva é uma mistura de óleos secretados por certas plantas durante períodos de seca. Basicamente, a primeira chuva depois de uma temporada de seca mistura compostos originados nestes óleos, que se acumulam ao longo do tempo em rochas secas e no solo, e são liberados no ar.

 

A composição do petricor

 

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Os dois cientistas australianos extraíram um óleo amarelo – o petricor – das rochas secas, da argila e do solo e descobriram que ele continha ácidos graxos de plantas, incluindo ácido palmítico e ácido esteárico. Embora os ácidos graxos não tenham seu próprio odor, eles se ‘quebram’ no solo em moléculas menores que contêm mais aroma, como aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos menores.

Ácido palmítico

Ácido esteárico

Cetona 

 

AldeídoAldeído - Química Enem | Educa Mais Brasil

 

Ácidos carboxílicos

Aerossóis

 

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Os óleos transportados pelo ar combinam-se com outros compostos para produzir o cheiro de chuva. Um dos principais compostos que ajudam a criar o cheiro de chuva é a geosmina, encontrada especialmente em áreas úmidas e de florestas, e produzida por bactérias que vivem no solo, conhecidas como actinomicetos. As bactérias secretam esse composto quando produzem esporos. Quando chove, a força da água ao atingir o solo envia estes esporos para o ar, e a umidade conduz estes compostos químicos até nossos narizes.

Geosmina

 

Actinomicetos

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O nariz humano é  extremamente sensível a este odor: podemos detectar a geosmina em concentrações menores de 10 partes por trilhão, o que seria algo como uma colher de chá em 200 piscinas olímpicas. Mas como esses cheiros de terra chegam ao nosso nariz?

Bear e Thomas descobriram que durante chuvas leves ou moderadas, as gotas de água prendem minúsculas bolhas de ar abaixo delas quanto atingem o solo ou outras superfícies porosas. As bolhas de ar então tendem a sair para a superfície, explodindo em um spray de pequenas gotículas em aerossol. As moléculas que contêm o cheiro da terra pegam carona neste aerossol e se espalham pelo vento.

Outras pesquisas sobre o tema foram feitas posteriormente na Inglaterra e nos Estados Unidos, mostrando como se dá a formação desses aerossóis, e complementando o trabalho de Bear e Thomas.

 

Referências

What’s in the smell of first rain. Disponível em https://www.acs.org/pressroom/reactions/infographics.html. Acesso em 21/11/2023

Petricor – Academia Brasileira de Letras. Disponível em https://www.academia.org.br/nossa-lingua/nova-palavra/petricor#:~:text=%E2%80%9CO%20aroma%20terroso%20produzido%20quando,dos%20deuses%20da%20mitologia%20grega. Acesso em 21/11/2023.

What Makes Rain Smell So Good?. Disponível em What Makes Rain Smell So Good? | Science| Smithsonian Magazine. Acesso em 21/11/2023.

 

Imagens

1- Nikhil More, CC BY-SA 4.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wikimedia Commons

2- Brno, Czech Republic, CC BY-SA 2.0 httpscreativecommons.orglicensesby-sa2.0, via Wikimedia Commons

3- Martin Addison, CC BY-SA 2.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/2.0>, via Wikimedia Commons

4- Graham Beards at English Wikipedia, CC BY 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/3.0>, via Wikimedia Commons

 

Texto produzido pela Assessoria de Comunicação e Marketing do CRQ-IV/SP
com a colaboração da Engenheira Química Catarina Sandor.

 

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