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Disponível em <https://crqsp.org.br/bohrio/>.
Acesso em 27/08/2025 às 19h21.

Elemento Químico – Bóhrio

Elemento Químico – Bóhrio

21 de agosto de 2025, às 13h08 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

O elemento de nome controverso e muitos descobridores

 

Gottfried Munzenberg, do Instituto de Pesquisas de Íons Pesados, em Darmstadt, na Alemanha, foi um dos descobridores do bóhrio. Foto G. Otto GSIFAIR

 

O bóhrio é um elemento químico de símbolo Bh, sólido a 25oC, metálico branco-prateado, localizado no Grupo 7 da Tabela Periódica, com número atômico 107 e massa atômica de 264u. É um elemento sintético, cujo isótopo mais estável, 267Bh, tem meia-vida (tempo necessário para que a quantidade do elemento caia pela metade) em torno de 17  segundos.

Poucos átomos de bóhrio já foram produzidos, por isso a dificuldade de conhecer mais propriedades e características deste metal. Ele é altamente radioativo, com interesse apenas na área da pesquisa, não possuindo papel biológico e não ocorrendo naturalmente.

O bóhrio foi o primeiro elemento sintetizado pelo método conhecido por fusão a frio, que envolveu o bombardeamento do bismuto com átomos de crômio.

Embora analisar a química de um elemento seja difícil quando as meias-vidas são medidas em segundos, estudos mostraram que o bóhrio se comporta como um integrante do grupo 7 da tabela periódica, semelhante ao rênio e ao tecnécio, elementos mais leves desse grupo. A exemplo disso, notou-se que o bóhrio forma oxicloretos, BhO3Cl, assim como o rênio e o tecnécio.

 

Obtenção do bóhrio

A química dos transactinídeos é complicada, devido ao tempo de meia-vida desses elementos ser da ordem de segundos, e, em sua maioria, obter-se uma quantidade na faixa de poucos átomos ou até de um único átomo.

Para o bóhrio, o seu isótopo mais estável, o 267, foi obtido por meio do bombardeamento de berquélio-249 com íons neônio-22. Sua síntese é creditada aos laboratórios alemães do Centro Helmholtz de Pesquisas sobre Íons Pesados (GSI), da cidade de Darmstadt, na Alemanha, e seu nome homenageia o célebre físico dinamarquês Niels Bohr.

 

Características do bóhrio

São conhecidos seis isótopos desse elemento, sendo o 267Bh o mais estável, com cerca de 17 segundos de tempo de meia-vida.

Outros isótopos de bóhrio já foram produzidos, incluindo o de vida mais longa obtido até o momento, 270Bh, com meia-vida de 61 segundos. Ele decai em 266Db por decaimento alfa.

A densidade do bóhrio, assim como os pontos de ebulição e de fusão, são desconhecidos.

Os riscos associados a este elemento estão ligados aos efeitos da radiação. Contudo, em um laboratório controlado, esses riscos são previstos e podem ser minimizados.

 

História e controvérsia sobre o nome

Peter Armbuster, o primeiro à esquerda na foto, outro descobridor do elemento, segura o cubo representando o bóhrio, em fotografia autografada do Instituto de Pesquisas de Íons Pesados – GSI – de Darmstadt, na Alemanha.

 

O elemento 107 foi sintetizado pela primeira vez em 1976 por cientistas soviéticos no Instituto Central de Pesquisas Nucleares em Dubna. Eles produziram o isótopo 262Bh com meia-vida de 1-2 milissegundos; dados posteriores apresentaram uma meia-vida em torno de 10 milissegundos. Os soviéticos conseguiram sintetizar o elemento ao bombardear 204Bi (bismuto-204) com núcleos pesados ​​de 54Cr (crômio-54).

 

Instalações do Instituto de Pesquisas de Íons Pesados, na Alemanha em foto de 2025: tecnologia sofisticada.

 

Em 1981, um grupo da Alemanha Ocidental liderado por Peter Armbruster e Gottfried Münzenberg, no Instituto de Pesquisas de Íons Pesados, em Darmstadt, conseguiram confirmar os resultados obtidos pelos soviéticos. Eles produziram e identificaram seis núcleos do elemento 107, desta vez com um isótopo de duração maior, 262Bh.

Os alemães sugeriram o nome nielsbóhrium, e símbolo Ns, para homenagear o físico dinamarquês Niels Bohr. Os soviéticos sugeriram o nome dubnium ao elemento 105.

Seguiu-se uma controvérsia sobre os nomes a serem dados aos elementos 101 a 109; em consequência, a União Internacional de Química Pura e Aplicada – IUPAC – adotou o nome temporário de unnilseptium e símbolo Uns para o elemento 107. Em 1994, o comitê da IUPAC recomendou que o elemento 107 recebesse o nome de bóhrio, em homenagem a Niels Bohr, mas citando apenas seu sobrenome. Embora esta denominação esteja em conformidade com os nomes de outros elementos que homenageiam indivíduos, houve muitas contestações, principalmente devido à semelhança do nome com o elemento químico boro, um semimetal de número atômico 5 e símbolo B. Apesar da polêmica, o nome bóhrio para o elemento 107 foi reconhecido internacionalmente em 1997.

A IUPAC também era favorável a que os alemães levassem o crédito pela descoberta porque apresentaram dados mais confiáveis, mas concordou que os cientistas soviéticos eram, provavelmente, os primeiros a sintetizarem o elemento.

 

Referências

Bohrium. Disponível em https://www.chemeurope.com/en/encyclopedia/Bohrium.html . Acesso em 16/05/2025.

Bohrium. Disponível em https://periodic.lanl.gov/107.shtml. Acesso em 16/05/2025.

Bohrium. Disponível em https://periodic-table.rsc.org/element/107/bohrium. Acesso em 16/05/2025.

The element bohrium. Disponível em https://education.jlab.org/itselemental/ele107.html. Acesso em 16/05/2025.

ATKINS, P. W. Shriver & Atkins química inorgânica. BOOKMAN, 2008.

EMSLEY, J. Nature’s Building Blocks: An AZ Guide to the Elements , Oxford University Press, Nova York, 2ª edição, 2011.

HAYNES, W. M., ed., CRC Handbook of Chemistry and Physics , CRC Press/Taylor and Francis, Boca Raton, FL, 97ª edição, versão da Internet de 2015, acessado em maio de 2025.

 

Texto produzido pela jornalista Mari Menda da Gerência de Relações Institucionais do CRQ-SP
e revisado pela Profa. Márcia Guekezian, Coordenadora do curso de Engenharia Química
da Faculdade de São Bernardo do Campo – FASB.

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