Copernício
Copernício
16 de outubro de 2025, às 11h22 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos
O metal que pode se comportar como um gás nobre

O copernício é um elemento químico artificial superpesado e altamente radioativo, pertencente ao mesmo grupo do zinco, do cádmio e do mercúrio. Ele é 277 vezes mais pesado que o hidrogênio, tornando-se o elemento mais pesado oficialmente reconhecido pela União Internacional de Química Pura e Aplicada – IUPAC. Tem símbolo Cn e número atômico 112. Todos os seus isótopos são intensamente radioativos.
De acordo com os padrões observados na tabela periódica, supõe-se que ele seja um metal líquido mais volátil que o mercúrio. No entanto, alguns trabalhos experimentais indicam que seu estado físico possa ser gasoso, e considerações teóricas também apontam propriedades mais similares a um gás nobre do que às do mercúrio.
O copernício não tem papel biológico e poucos átomos foram produzidos até o momento. Acredita-se que ele seja pouco reativo, o que reforça a semelhança com os gases nobres.
Seus pontos de fusão e ebulição, bem como eletronegatividade, energia de ionização, afinidade eletrônica e densidade, ainda não são conhecidos.
Antes de sua descoberta, recebeu o nome provisório de ununbium (Uub), de acordo com os padrões estabelecidos pela IUPAC.
O elemento foi sintetizado no Centro de Pesquisas de Íons Pesados (Gesellschaft für Schwerionenforschung) – GSI, em Darmstadt, na Alemanha, em 1996, e após sua confirmação, o nome copernício foi adotado em 2010 em homenagem ao astrônomo polonês Nicolau Copérnico.
O isótopo mais estável do copernício, copernício-285, tem meia-vida de cerca de 30 segundos. Ele decai em darmstádio-281 por decaimento alfa.
Como poucos átomos de copernício foram produzidos até agora, ele só tem aplicações na pesquisa científica.
Síntese

O copernício foi sintetizado pela primeira vez em 9 de fevereiro de 1996 no Laboratório de Íons Pesados de Darmstadt, na Alemanha. A obtenção do primeiro átomo do elemento 112 foi anunciada por Sigurd Hofmann, chefe da equipe de pesquisadores.
O elemento foi obtido pelo bombardeamento de um alvo de chumbo com 82 prótons com um feixe de zinco contendo 30 prótons durante uma semana, em um equipamento denominado acelerador linear. Este processo produziu um átomo de copernício-277, um isótopo com meia-vida de cerca de 0,24 milissegundos (0,00024 segundos).
Sigurd Hofmann relatou um novo experimento realizado no ano 2000, quando o grupo de Darmstadt conseguiu detectar um segundo átomo do elemento 112. E em 2004, cientistas do centro de pesquisas RIKEN, no Japão, produziram mais dois átomos.
O Instituto Central de Pesquisas Nucleares, em Dubna, na Rússia, também pesquisou o elemento 112. O isótopo-285 foi observado, pela emissão de partículas alfa, como parte da sequência de decaimento para fleróvio (elemento 114), e o isótopo-284 foi observado como parte da sequência de decaimento do livermório (elemento 116) no laboratório de Dubna.
Em maio de 2006, a síntese obtida no Instituto Central de Pesquisas Nucleares da Rússia foi confirmada por outro método. O isótopo 282Uub foi identificado como o produto final de uma série de decaimentos alfa:
Após a confirmação pelo grupo japonês, a IUPAC oficialmente reconheceu o grupo de Darmstadt como descobridor do elemento, e em abril de 2009 os cientistas alemães foram informados de que poderiam escolher o nome do novo elemento. Depois de uma discussão entre os 21 pesquisadores de 4 nações envolvidas nos experimentos, foi selecionado o nome do astrônomo polonês Nicolau Copérnico para o elemento 112.
Quem foi Nicolau Copérnico

Nicolau Copérnico (1473-1543) viveu em um período de transição entre a idade média para a idade moderna, e seu trabalho teve grande influência no pensamento político e filosófico que levou ao surgimento da ciência moderna, baseada em resultados de diversos experimentos.
Copérnico desenvolveu um modelo baseado em observações complexas sobre os movimentos do Sol, da Lua, dos planetas e das estrelas, e assim se tornou o idealizador da teoria sobre o sistema solar.
Originalmente o símbolo Cp foi recomendado para o copernício. Este símbolo foi rejeitado porque o Cp foi utilizado para o elemento lutécio que, antes de 1949, tinha como nome alternativo cassiopeium, o que poderia causar alguma confusão. Então a IUPAC optou pelo símbolo Cn para o elemento 112.
Vídeo da Universidade de Nottingham aborda a controvérsia sobre o símbolo do copernício, as polêmicas entre os químicos sobre o tema, e como o elemento é produzido:
Referências
Copernicium. Disponível em https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/135476785#section=Classification. Acesso em 04/06/2025.
Copernicium. Disponível em https://periodic.lanl.gov/112.shtml. Acesso em 04/06/2025.
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HAYNES, W. M., ed., CRC Handbook of Chemistry and Physics , CRC Press/Taylor and Francis, Boca Raton, FL, 97ª edição, versão da Internet de 2015, acessado em maio de 2025.
HOFMANN, S. Welcome copernicum? Nature Chemistry. v. 2, p. 146, fev. 2010.
MERÇON, F.; QUADRAT, S. V. A Radioatividade e a História do Tempo Presente. Química Nova na Escola, [s. l.], v. 19, p. 27–2, 2004.
Texto produzido pela jornalista Mari Menda, da Gerência de Relações Institucionais do CRQ-SP,
e revisado pela Profa. Márcia Guekezian, Coordenadora do curso de Engenharia Química
da Faculdade de São Bernardo do Campo – FASB