Uma live promovida nesta segunda-feira pela Comissão Técnica de Serviços Laboratoriais no canal do CRQ-SP no YouTube tratou da importância da limpeza da vidraria em laboratórios. A live foi em forma de perguntas e respostas, e teve participantes inclusive do exterior.

O tema foi abordado por quatro especialistas: a técnica em química Andrea Moreira, coordenadora da Comissão; a doutora em química Roseli Gennari; o doutor em química Tiago de Oliveira Brito que atua no laboratório de saneamento da Unicamp; e a química Dilcelli Soares Moura, consultora em sistemas de qualidade.

Dilceli abriu a live perguntando por que é tão importante a lavagem correta das vidrarias. Andrea explicou que trabalhar com uma vidraria mal lavada traz o risco de contaminação cruzada. Outro ponto citado foi que a limpeza da vidraria está associada com a exatidão analítica e com a repetibilidade dos resultados. Andrea destacou ainda que uma boa limpeza da vidraria garante a segurança dos ensaios químicos.

Outra pergunta focou nas etapas da lavagem de vidrarias. Tiago mostrou um vídeo, explicando que o processo começa com uma pré-lavagem que elimina os resíduos mais grosseiros; depois há uma lavagem mais cuidadosa, com esfregação e detergente, para remoção dos resíduos; na sequência há o enxágue com água da torneira, que deve ser repetido três vezes, e depois mais três vezes com água destilada ou água deionizada. A secagem pode ser feita no meio ambiente ou em estufa.

Tiago também falou do uso de solvente orgânico para facilitar o processo de limpeza. Enfatizou que na lavagem deve ser utilizado detergente neutro, específico para laboratório, para não deixar resíduos na vidraria. Também é importante separar a vidraria por tipo de análise, como por exemplo amostras que contenham metais pesados e amostras biológicas, que não podem ser misturados. Ele ressaltou a importância do uso de EPIs, para garantir a segurança.

Tiago mostrou a foto de um equipamento criado para secar a vidraria de cabeça para baixo, o que evita a entrada de poeira, um suporte construído de forma artesanal. Roseli destacou a importância de manter limpa a própria pia onde a vidraria é lavada, para garantir um bom resultado.

Dilcelli perguntou se é necessário haver um treinamento para lavar a vidraria. Roseli disse que este treinamento é sempre necessário já que esta é uma etapa muito importante no laboratório. Também destacou que é preciso fazer testes na vidraria lavada para ver se não há material aderido ou bolhas.

Dilcelli perguntou se é possível contratar uma empresa para a lavagem da vidraria. Andrea respondeu que a empresa pode ser contratada, mas é importante que também treine os profissionais para fazerem os procedimentos corretos, e que mesmo havendo uma empresa contratada, a empresa contratante é responsável pela manutenção correta da vidraria.

O assunto a seguir foi a diferença entre vidro e plástico para uso em laboratório. Andrea disse que é preciso ter atenção na limpeza e no armazenamento para não haver problemas. Roseli afirmou que a ‘plasticaria’ é outro tipo de material, e sua lavagem deve ser feita por banho de imersão, sem uso de escova nem bucha, para não riscar e manchar o material. Lembrou que a vidraria não serve para armazenar material, mas para analisar, e que o armazenamento exige frascos específicos.

Dilcelli perguntou a seguir sobre a secagem de vidrarias de precisão, e Andrea explicou o que são os materiais de precisão em laboratório, listando quais tipos podem ser secos em estufa. Depois falou da importância de secar em temperatura certa. Tiago falou a seguir sobre a importância de guardar as vidrarias limpas em armários fechados, bem limpos, e com o material envolto em plástico-filme ou papel alumínio, mas ressaltou que antes da próxima análise normalmente será necessária uma pré-lavagem.

Os palestrantes responderam a seguir sobre vários assuntos: o uso de detergentes apropriados em laboratórios, e não detergentes de cozinha; a concentração do detergente de laboratório; o uso de máquinas para lavar a vidraria, inclusive lavadoras domésticas; lavagem de buretas e de pipetas; limpezas mais complexas no caso de uso de graxas, e a opção pela utilização de solventes; o uso de vidraria riscada; e o uso de copos descartáveis em laboratório, entre outras questões.

Os palestrantes lembraram que a Comissão de Serviços Laboratoriais publicou uma cartilha no portal Qualifica do CRQ-SP com informações sobre a questão das vidrarias e outros conteúdos importantes. A cartilha Guia Prático de Laboratório está disponível para download gratuitamente neste link: https://crqsp.org.br/wp-content/uploads/2025/06/Guia-Pratico-de-Laboratorio-2025_final.pdf. Quem tiver mais dúvidas sobre o assunto pode enviar seu questionamento para a comissão por meio da aba Comissões Respondem do site do CRQ-SP.

A live está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=wCHe-yw28DY. Quase 430 pessoas assistiram a apresentação ao vivo.