Pesquisadores sêniores do RJ e BA ganham prêmio de R$ 500 mil cada
Pesquisadores sêniores do RJ e BA ganham prêmio de R$ 500 mil cada
Wanderley de Souza, de 73 anos, da UFRJ e Nivio Ziviani, de 77, da UFMG foram os vencedores da edição 2023 do Prêmio CBMM25 de agosto de 2023, às 9h10 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
Protozoários – Nascido em Iguaí, interior da Bahia, Souza chegou ao Rio de Janeiro aos 17 anos para estudar medicina na UFRJ. Ali se aprofundou no estudo dos mecanismos pelos quais protozoários como o Trypanosoma cruzi, que provoca a doença de Chagas, e Toxoplasma gondii, causador da toxoplasmose, invadem as células.
“Nossas pesquisas permitiram olhar a constituição desses parasitas em detalhes, identificar novas estruturas e caracterizar melhor aquelas já conhecidas”, diz Souza, à frente do Laboratório de Ultraestrutura Celular Hertha Meyer da UFRJ.
Com sua equipe, ele fez a reconstrução tridimensional do processo pelo qual T. cruzi ingere macromoléculas do ambiente em que vive, a chamada endocitose, vital para sua sobrevivência. “A reconstrução permitiu a visualização com alto nível de detalhes dessa estrutura que se assemelha a uma boca”, explica.
Souza equilibrou a pesquisa com cargos administrativos para gestão e fomento da política científica e tecnológica. Foi secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro (de 1999 a 2002 e de 2004 a 2006), secretário-executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (2003) e presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), de 2016 a 2017.
Ele é também professor visitante no Centro Multiusuário para Análise de Fenômenos Biomédicos (CMABio) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em Manaus.
Empreendedor – Nascido em Belo Horizonte, Ziviani ajudou a criar uma das primeiras graduações em ciência da computação do Brasil, que se transformou no bacharelado oferecido pela UFMG. Com perfil empreendedor, ajudou a criar várias empresas, que nasceram de pesquisas realizadas no Laboratório para Tratamento de Informação (Latin) da UFMG, criado na década de 1980, e no Laboratório de Inteligência Artificial (LIA), de 2018.
Em 1998 ele criou sua primeira empresa, a Miner Technology Group, que oferecia metabuscadores, programas que coletam páginas dos servidores de cada negócio, reúnem os resultados e os apresentam ao usuário. A empresa foi vendida para o Grupo Folha de São Paulo/UOL em 1999.
Em 2000, outra empresa: a Akwan Information Technologies, que oferecia um mecanismo de buscas na web que despertou o interesse do Google, pelo qual foi comprada em 2005. Depois, mais uma, a Neemu Technology, com atuação no comércio eletrônico, adquirida pela Linx em 2015, e outra, a Kunumi Artificial Intelligence.
Desde 2012, ele tem se dedicado ao uso da inteligência artificial em saúde, com o propósito de facilitar os diagnósticos médicos. “Essas ferramentas servem para dar mais elementos para que o médico tome decisões mais precisas”, comenta Ziviani.
Outros laureados – Criada pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), a premiação busca reconhecer o legado de profissionais que contribuem para o desenvolvimento do Brasil. A 5ª edição recebeu 148 inscrições para a categoria Ciência e 128 para Tecnologia ‒ os pesquisadores podem se inscrever ou ser indicados.
Em 2022, os premiados foram o físico Marcelo Knobel, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e o biofísico Jerson Lima Silva, da UFRJ. Em 2021, os vencedores foram o físico paulista Vanderlei Bagnato, do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), e o engenheiro elétrico paraibano Júlio César Oliveira, CEO do grupo Idea Sistemas Eletrônicos, com sede em Campinas (SP).
Os premiados em 2020 foram o médico gaúcho Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e o químico paulista Fernando Galembeck, da Unicamp. Na primeira edição, em 2019, venceram o matemático Marcelo Viana, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), e o farmacologista João Batista Calixto, professor aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Com informações de Léo Ramos Chaves/Revista Pesquisa Fapesp